Saúde Coronavírus

'Ainda estamos na primeira onda da Covid-19', diz diretora da Opas sobre aumento de casos

Escritório regional da OMS nas Américas teme que doença continue a crescer no continente
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Carissa Etienne Foto: Divulgação / OPAS
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Carissa Etienne Foto: Divulgação / OPAS

SÃO PAULO — Em meio ao aumento de novos casos em diversos países da América, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente, alertou que essa não é uma segunda onda da Covid-19, mas ainda a primeira. Segundo Carissa Etienne, os países ainda estão na primeira onda, e os efeitos da doença serão sentidos por vários meses caso medidas de redução da transmissão não sejam adotadas.

— O que estamos vendo agora não é uma segunda onda. É ainda a primeira onda, e temo que continue a crescer. Essa onda está se movendo dentro de cada país, afetando áreas que não tinham registrado muitos casos — afirmou Etienne.

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Para a diretora, essa tendência de crescimento é preocupante porque ocorre em um momento em que a maioria das pessoas estão sentindo fadiga em relação às recomendações sanitárias, como o distanciamento social. Ao desobedecer o isolamento, elas aumentam o risco de contágio . Segundo ela, os países devem reforçar essas medidas quando casos voltam a subir, não flexibilizar o distanciamento.

Além disso, a diretora alertou para a chamada interiorização da doença: o aumento de casos fora dos grandes centros, em pequenas cidades no interior dos países.

— A pandemia está se movendo das grandes cidades que tendem a ter melhor capacidade hospitalar para cidades menores que podem não ter como acomodar pacientes que precisam de UTIs ou cuidado especializado. Portanto, a mortalide pode aumentar se os novos infectados tiverem dificuldade em conseguir o cuidado que precisam — afirmou a diretora.

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O brasileiro Jarbas Barbosa, vice-diretor da Opas, também alertou para a importância, neste momento, de uma mensagem unificada dos governos.

— É importante ter uma mensagem clara e única para a população. São tempos muito difíceis e, para que a população possa seguir com as medidas de distanciamento social, uma mensagem clara e baseada em evidências é chave para que tenha êxito na resposta — afirma.

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Para o epidemiologista, a interiorização também reforça a necessidade de ampliação da capacidade de testagem, de forma a compreender o estado atual da transmissão do vírus nos países.

— Ter boas informações e capacidades de teste é essencial. As diferenças no interior dos países são muito grandes. Há estados e províncias onde a tendência de casos é crescente, e em outros onde já foi alcançado o controle. É importante ter dados de boa qualidade e saber como está a transmissão. Depois que se controla, pode-se começar um processo bem planejado e cuidadoso para a reabertura de maneira gradativa os setores mais essenciais, com protocolos muito rigorosos de segurança — afirmou.