Rio

Lockdown parcial começa nesta quinta pelo calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste

Acessos fecharam às 5h e deverá durar uma semana, segundo decisão do prefeito Marcelo Crivella
Movimentação intensa nas ruas da Zona Oeste Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo
Movimentação intensa nas ruas da Zona Oeste Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo

RIO - A movimentação intensa observada nas últimas semanas no calçadão de Campo Grande , na Zona Oeste, deve diminuir a partir desta quinta-feira. Desde 5h, os acessos ao local estão fechados por determinação do prefeito Marcelo Crivella. No início da noite desta quarta-feira, ele anunciou o início do lockdown parcial , uma medida mais rígida para conter a disseminação do coronavírus . O bairro centraliza o maior número de óbitos do município (40) e é o terceiro em número de casos confirmados (262), atrás apenas de Copacabana (367) e Barra da Tijuca (343).

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Grades foram instaladas nos acessos e apenas trabalhadores de serviços essenciais poderão transitar. Para fazer este controle, equipes da Guarda Municipal ficarão no local 24 horas por dia. A prefeitura estuda a ampliação dessas medidas para outras regiões da cidade.

Os dados do Centro de Operações Rio (COR) em parceria com a Tim e a Cyberlabs mostraram, nos últimos dias, uma queda preocupante do isolamento social . Só nesta quarta-feira, dos cinco bairros com maior circulação de pessoas pela cidade, três deles estão na Zona Oeste. O primeiro, de acordo com os dados, é Jacarepaguá, que registrou 3.079 pessoas durante o dia. O segundo é Campo Grande, com 2.364 pessoas, seguido de Santa Cruz com 1.961. A quarta e o quinta posições ficaram com a Zona Norte: São Cristóvão (1.954) e Ramos (1.935).

Nesta quarta, após o anúncio sobre o lockdown parcial, o secretário municipal de Ordem Pública, Gutemberg Fonseca, frisou que as ações são realizadas com base nos números que o big data fornece. Ele explicou como irá acontecer:

— Por conta desse grande número, a gente começa esse lockdown pontual. Só vamos permitir a entrada de funcionários de supermercado e farmácia com crachá e monitorar as pessoas que forem a esses locais se eles vão realmente para entrar, comprar e sair. De Campo Grande, vamos mapear isso para estender o lockdown — detalhou.

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A capital continua sendo o epicentro da pandemia no estado. Na cidade do Rio já foram confirmadas 764 mortes pelo coronavírus e 8.577 pessoas infectadas. O boletim mais atualizado, divulgado ás 18h desta quarta, informava 745 novos casos e 51 óbitos. Em todo o estado são 13.295 casos e 1.205 mortes .

Fiocruz pede lockdown para 'salvar vidas'

O governador Wilson Witzel discute com juristas a proposta de lockdown no Rio de Janeiro feita pelo comitê de notáveis que assessora o estado nos temas relativos à Covid-19. Um relatório da Fiocruz com a mesma sugestão foi encaminhado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), que havia pedido estudos sobre a possibilidade da medida, ao governo e à prefeitura no início desta quarta. A adoção de "medidas rígidas de distanciamento e ações de lockdown" é considerada "urgente" pela Fiocruz.

O Ministério Público estadual pediu ao governo estudos sobre a viabilidade de ações mais duras de confinamento. Foram cobrados dados sobre como impacto econômico e como um lockdown influenciaria a quantidade de casos e óbitos pelo coronavírus. As determinações de distanciamento social em vigor no Rio expiram na próxima segunda-feira. O ofício enviado pela Fiocruz ao MP contém análises, justificativas e ponderações de especialistas sobre o tema. O MP ressalta, no entanto, que é preciso um planejamento prévio e rápido.

O bloqueio total incluiria fechar as divisas; restringir a circulação de pessoas a ações essenciais, como para compra de alimentos e medicamentos e serviços de delivery; e a criação de um documento de autodeclaração sobre a necessidade de circular. No caso de descumprimento por motivo fútil, a pessoa poderia ser multada. O uso de máscaras para qualquer saída também passaria a ser obrigatório. O comitê que auxilia o estado ainda propôs que a saída do lockdown esteja condicionada à testagem em grande escala, para que haja uma identificação realista das pessoas infectadas.