Rio

Impeachment: A luta contra o tempo de Witzel para recompor a base na Alerj

São necessários 24 votos para evitar impeachment na Alerj; líderes de partidos calculam que ele tem 14
Witzel corre contra o tempo para recompor a base Foto: Mauro Pimentel / AFP
Witzel corre contra o tempo para recompor a base Foto: Mauro Pimentel / AFP

RIO — Para tentar evitar um impeachment, o governador Wilson Witzel luta para recompor sua base na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e, assim, salvar seu mandato. Para escapar, ele precisa do apoio de 24 deputados, já que a votação é decidida por quórum qualificado de dois terços (47) dos 70 parlamentares. A tarefa de promover uma reviravolta política foi delegada ao secretário da Casa Civil, André Moura, recolocado no cargo no final de julho, mas não tem surtido efeito. Líderes de partidos estimam que, hoje, o governador tem, na melhor das hipóteses, 14 votos a seu favor.

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Como O GLOBO mostrou nesta sexta-feira, deputados comemoraram o parecer do procurador-geral da República Augusto Aras sobre a legalidade da comissão que analisa o impeachment. Aras se manifestou a favor da derrubada de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal que suspendeu os trabalhos. Agora cabe ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, decidir se a mantém, obrigando a formação de uma nova comissão, ou se o processo continua de onde parou. Caso sua decisão siga o parecer de Aras, Witzel terá apenas mais três sessões plenárias para apresentar uma defesa, e a votação aconteceria num prazo de 21 dias.

Promessas em vão

Com os trabalhos da comissão suspensos desde o último dia 27, André Moura teve reuniões com cerca de 40 deputados. Poucos teriam firmado o compromisso de votar a favor de Witzel no plenário da Alerj, apesar de ouvirem promessas de mudanças em cargos do alto escalão do governo e de obras em redutos eleitorais.

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A bancada da Alerj alinhada ao presidente Jair Bolsonaro, composta por oito deputados, não aceitou dialogar com André Moura, mas estabeleceu uma ponte com o vice-governador Cláudio Castro. Líder do grupo, Anderson Moraes (PSL) empregava em seu gabinete Rogéria Bolsonaro, mãe de três filhos do presidente, que rompeu relações com Witzel. Procurado, Moura não quis comentar como estão as relações entre o governo e a Alerj.