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Focos de incêndio em Niterói mais do que dobram em agosto em relação ao mesmo período de 2018

Relatório dos Bombeiros aponta que nos primeiros 15 dias deste mês houve 16 registros em áreas de vegetação, nove a mais do que no ano passado
Sinais de fogo. No Morro do Pico, em Jurujuba, fumaça expõe, no último dia 14, focos de incêndio em área verde Foto: Bruno Kaiuca / Agência O Globo
Sinais de fogo. No Morro do Pico, em Jurujuba, fumaça expõe, no último dia 14, focos de incêndio em área verde Foto: Bruno Kaiuca / Agência O Globo

NITERÓI — As ocorrências de focos de incêndio em áreas de vegetação em Niterói aumentaram este mês. O Corpo de Bombeiros foi acionado para 16 ocorrências entre os dias 1º e 15, mais do que o dobro das sete anotadas no mesmo período de 2018.

Realizando um trabalho de combate a incêndios criminosos e queimadas urbanas desde 2010, o ambientalista Cássio Garcez, membro do conselho consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) e responsável pelo grupo Ecoando, Ecologia e Caminhadas, diz ter percebido o recente aumento de queimadas nas matas niteroienses . Ele associa os episódios à falta de consciência ambiental e aponta o ateamento de fogo em capim e lixo como as principais causas.

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— Fizemos uma reunião com o Axel Grael em 2011, quando era vice-prefeito, e ele se sensibilizou tanto com a questão que criou um programa de combate a queimadas. Desde então, até o ano passado, notei que os incêndios em vegetação estavam começando a diminuir com esse trabalho de formiguinha, com campanhas do Peset e da prefeitura, mas este ano a situação está diferente — afirma Garcez. — Apesar de estarmos em época de estiagem, não acredito que esse aumento tenha a ver com a seca porque tem chovido bastante. Acho mais uma questão social e cultural. A queimada de capim colonial e de lixo sempre existiu, mas quando há um discurso do governo federal que miniminiza a questão ambiental, as pessoas se sentem autorizadas a ultrapassar barreiras.

No último dia 14, havia sinais de fumaça no Morro do Pico, em Jurujuba. Na mesma ocasião, a equipe do GLOBO-Niterói percebeu uma área que havia sido queimada no Morro da Viração, antes do Preventório, em Charitas.

A percepção do ambientalista de que as queimadas estavam diminuindo é confirmada por números. O mesmo anuário do Corpo de Bombeiros que mostra a alta este mês revela que os casos de incêndio caíram 28% em 2018 (859 registros) na comparação com o ano anterior (1.212).

Comandante do 3° GBM, do Centro, o tenente-coronel Fábio Dutra lembra que os incêndios em vegetação ocorrem, com maior incidência, em períodos de seca, o que é mais comum entre os meses de maio e outubro, mas a corporação destaca que não investiga as causas.

— A população pode ajudar a prevenir o fogo em mata ao evitar acender fogueiras, queimar lixo no quintal, soltar balões, jogar pontas de cigarro em qualquer ambiente, principalmente, nas estradas próximas à vegetação — lista o comandante.

A Defesa Civil de Niterói destaca que o programa Niterói Contra Queimadas realiza o monitoramento meteorológico voltado para ameaças de fogo e tem um plano de contingência que prevê a ação integrada com Secretaria municipal de Meio Ambiente, Guarda Ambiental, Clin, Corpo de Bombeiros e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). O órgão também atribui o aumento das focos de incêndio ao período de estiagem.

Moradora de Santa Rosa, a atriz Ana Lobianco relata que flagrou um incêndio no Morro Souza Soares, no dia 2:

— Ao ligar para os Bombeiros, ouvi que não podiam fazer nada pois tratava-se de área de risco.

Em nota, o Corpo de Bombeiros diz que não há registros de acionamento da corporação nessa ocasião.

Procurados, o Batalhão Florestal da Polícia Militar e a Polícia Civil, que investiga incêndios criminosos, não retornaram.

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