NITERÓI — As ocorrências de focos de incêndio em áreas de vegetação em Niterói aumentaram este mês. O Corpo de Bombeiros foi acionado para 16 ocorrências entre os dias 1º e 15, mais do que o dobro das sete anotadas no mesmo período de 2018.
Realizando um trabalho de combate a incêndios criminosos e queimadas urbanas desde 2010, o ambientalista Cássio Garcez, membro do conselho consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) e responsável pelo grupo Ecoando, Ecologia e Caminhadas, diz ter percebido o recente aumento de queimadas nas matas niteroienses . Ele associa os episódios à falta de consciência ambiental e aponta o ateamento de fogo em capim e lixo como as principais causas.
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— Fizemos uma reunião com o Axel Grael em 2011, quando era vice-prefeito, e ele se sensibilizou tanto com a questão que criou um programa de combate a queimadas. Desde então, até o ano passado, notei que os incêndios em vegetação estavam começando a diminuir com esse trabalho de formiguinha, com campanhas do Peset e da prefeitura, mas este ano a situação está diferente — afirma Garcez. — Apesar de estarmos em época de estiagem, não acredito que esse aumento tenha a ver com a seca porque tem chovido bastante. Acho mais uma questão social e cultural. A queimada de capim colonial e de lixo sempre existiu, mas quando há um discurso do governo federal que miniminiza a questão ambiental, as pessoas se sentem autorizadas a ultrapassar barreiras.
No último dia 14, havia sinais de fumaça no Morro do Pico, em Jurujuba. Na mesma ocasião, a equipe do GLOBO-Niterói percebeu uma área que havia sido queimada no Morro da Viração, antes do Preventório, em Charitas.
A percepção do ambientalista de que as queimadas estavam diminuindo é confirmada por números. O mesmo anuário do Corpo de Bombeiros que mostra a alta este mês revela que os casos de incêndio caíram 28% em 2018 (859 registros) na comparação com o ano anterior (1.212).
Comandante do 3° GBM, do Centro, o tenente-coronel Fábio Dutra lembra que os incêndios em vegetação ocorrem, com maior incidência, em períodos de seca, o que é mais comum entre os meses de maio e outubro, mas a corporação destaca que não investiga as causas.
— A população pode ajudar a prevenir o fogo em mata ao evitar acender fogueiras, queimar lixo no quintal, soltar balões, jogar pontas de cigarro em qualquer ambiente, principalmente, nas estradas próximas à vegetação — lista o comandante.
A Defesa Civil de Niterói destaca que o programa Niterói Contra Queimadas realiza o monitoramento meteorológico voltado para ameaças de fogo e tem um plano de contingência que prevê a ação integrada com Secretaria municipal de Meio Ambiente, Guarda Ambiental, Clin, Corpo de Bombeiros e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). O órgão também atribui o aumento das focos de incêndio ao período de estiagem.
Moradora de Santa Rosa, a atriz Ana Lobianco relata que flagrou um incêndio no Morro Souza Soares, no dia 2:
— Ao ligar para os Bombeiros, ouvi que não podiam fazer nada pois tratava-se de área de risco.
Em nota, o Corpo de Bombeiros diz que não há registros de acionamento da corporação nessa ocasião.
Procurados, o Batalhão Florestal da Polícia Militar e a Polícia Civil, que investiga incêndios criminosos, não retornaram.
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