Economia

Mercosul e UE fecham acordo comercial histórico. Brasil prevê acréscimo de US$ 100 bi nas exportações

Segundo ministério da Economia, PIB deve aumentar de até US$ 125 bilhões em 15 anos
O anúncio deve ser feito hoje, em Bruxelas, sede do Parlamento Europeu Foto: Yves Herman / REUTERS
O anúncio deve ser feito hoje, em Bruxelas, sede do Parlamento Europeu Foto: Yves Herman / REUTERS

BRASÍLIA — Após mais de 20 anos de negociação, a União Europeia e o Mercosul fecharam um acordo de livre comércio entre os dois blocos, segundo comunicado conjunto divulgado nesta sexta-feira pelos ministérios da Economia e das Relações Exteriores do Brasil.

De acordo com estimativas do Ministério da Economia, o acordo "representará um incremento do PIB brasileiro de US$ 87,5 bilhões de dólares em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões", considerando a redução das barreiras não-tarifárias e o aumento esperado na produtividade do país.

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Segundo o comunicado, o aumento dos investimentos previstos para o Brasil no mesmo período é de US$ 113 bilhões. E as exportações para a União Europeia podem crescer quase US$ 100 bilhões até 2035.

Participaram das negociações em Bruxelas o ministro das Relações Exteriores , Ernesto Araújo; a ministra da Agricultura , Tereza Cristina; e o Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo.

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Em redes sociais, o Ministério da Agricultura comemorou a assinatura do acordo, um “momento histórico, aguardado há 20 anos”. Para a Argentina , trata-se de uma “associação estratégica”.

— Um acordo que levou 20 anos para chegar a esse momento — celebrou a minista da Agricultura, Tereza Cristina, em vídeo publicado no Twitter da pasta. — Espero que ele seja benéfico para o nosso país e, principalmente, para a nossa agricultura.

'Marco histórico'

Em nota conjunta dos ministérios da Economia e das Relações Exteriores, o governo brasileiro classificou o acordo como um "marco histórico" no relacionamento entre o Mercosul e a União Europeia. Juntos, os dois blocos econômicos representam cerca de 25% do PIB mundial e um mercado de 780 milhões de pessoas.

O COMÉRCIO ENTRE OS BLOCOS
PIB conjunto de
US$ 20 trilhões
Comércio entre UE e Mercosul
+ US$ 90 bilhões
Mercosul
União Européia
EM 2018
288,5 milhões
500 milhões
POPULAÇÃO
0
100
200
300
400
500
500
400
300
200
100
0
US$ 2,79 trilhões
US$ 17 trilhões
PIB
0
5
10
15
20
20
15
10
5
0
LIBERALIZAÇÃO
DE COMÉRCIO
COM PRAZO
SENDO
90%
100%
DE
15 ANOS
80% COM
PRODUTOS
LIBERALIZAÇÃO
PARA SETORES
INDUSTRIAIS
SENSÍVEIS
IMEDIATA
Produtos agrícolas
Setor automotivo
das exportações
Haverá aceitação mútua de resultados
81,7%
81,7%
do Mercosul ficarão
de testes emitidos para avaliação da
isentas de imposto;
conformidade, diminuindo custos
terão cotas
relacionados à dupla testagem
17,7%
EXPORTAÇÕES DA UE
Produtos europeus que terão redução de tarifas
QUÍMICOS E FARMACÊUTICOS
CHOCOLATES E DOCES
VINHOS
TECIDOS
LATICÍNIOS*
BEBIDAS DESTILADAS
REFRIGERANTES
CARROS
MÁQUINAS
ROUPAS E CALÇADOS
AUTOPEÇAS
*Haverá cotas para isenção total de imposto, principalmente para queijos
Produtos europeus com Indicação Geográfica terão proteção contra imitações
CERVEJA MÜNCHENER
PRESUNTO TIROLER SPECK
QUEIJO S. JORGE
QUEIJO COMTÉ
PRESUNTO DE PARMA
VINHO TOKAJI
VODCA POLSKA WÓDKA
QUEIJO DE HERVE
PRESUNTO JABUGO
EXPORTAÇÕES DO BRASIL
Produtos brasileiros que terão cotas sem imposto
CAFÉ SOLÚVEL
SUCO DE LARANJA
PEIXES E CRUSTÁCEOS
FRUTAS (MELÕES, MELANCIAS,
ÓLEOS VEGETAIS
LARANJAS, LIMÕES ETC.)
Produtos brasileiros com acesso preferencial
AÇÚCAR
OVOS
CARNES
(BOVINA, SUÍNA
ETANOL
MEL
ARROZ
E DE AVES)
Fontes: Comissão Europeia, Ministério da Agricultura brasileiro,
Ministério das Relações Exteriores argentino
O COMÉRCIO
ENTRE OS BLOCOS
PIB conjunto de
US$ 20 trilhões
Comércio entre UE e Mercosul
+ US$ 90 bilhões
EM 2018
Mercosul
288,5 milhões
POPULAÇÃO
0
100
200
300
400
500
US$ 2,79 trilhões
PIB
0
5
10
15
20
LIBERALIZAÇÃO
DE COMÉRCIO
COM PRAZO
PRODUTOS
90%
DE
15 ANOS
INDUSTRIAIS
PARA SETORES
SENSÍVEIS
União Européia
288,5 milhões
POPULAÇÃO
0
100
200
300
400
500
US$ 2,79 trilhões
PIB
0
5
10
15
20
LIBERALIZAÇÃO
DE COMÉRCIO
SENDO
PRODUTOS
80% COM
100%
INDUSTRIAIS
LIBERALIZAÇÃO
IMEDIATA
Produtos agrícolas
das exportações
81,7%
do Mercosul ficarão
81,7%
isentas de imposto;
terão cotas
17,7%
Setor automotivo
Haverá aceitação mútua de resultados
de testes emitidos para avaliação da
conformidade, diminuindo custos
relacionados à dupla testagem
IMPORTADOS QUE
SERÃO ATINGIDOS
Produtos europeus que terão
redução de tarifas
VINHOS
CARROS
AUTOPEÇAS
CHOCOLATES E DOCES
BEBIDAS DESTILADAS
ROUPAS E CALÇADOS
QUÍMICOS E FARMACÊUTICOS
REFRIGERANTES
MÁQUINAS
TECIDOS
LATICÍNIOS*
*Haverá cotas para isenção total de
imposto, principalmente para queijos
Produtos europeus com
Indicação Geográfica terão
proteção contra imitações
PRESUNTO TIROLER SPECK
PRESUNTO DE PARMA
QUEIJO DE HERVE
CERVEJA MÜNCHENER
QUEIJO COMTÉ
VODCA POLSKA WÓDKA
QUEIJO S. JORGE
VINHO TOKAJI
PRESUNTO JABUGO
EXPORTAÇÕES DO BRASIL
Produtos brasileiros que
terão cotas sem imposto
SUCO DE LARANJA
FRUTAS (MELÕES, MELANCIAS,
LARANJAS, LIMÕES ETC.)
CAFÉ SOLÚVEL
PEIXES E CRUSTÁCEOS
ÓLEOS VEGETAIS
Produtos brasileiros com
acesso preferencial
CARNES (BOVINA, SUÍNA E DE AVES)
AÇÚCAR
ETANOL
ARROZ
OVOS
MEL
Fontes: Comissão Europeia, Ministério da
Agricultura brasileiro, Ministério das Relações
Exteriores argentino

"Em momento de tensões e incertezas no comércio internacional, a conclusão do acordo ressalta o compromisso dos dois blocos com a abertura econômica e o fortalecimento das condições de competitividade", diz um trecho do comunicado.

O acordo será uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Também é o mais amplo e de maior complexidade já negociado pelo Mercosul. Abre tarifas, serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.

Com a vigência do acordo, produtos agrícolas de grande interesse do Brasil terão suas tarifas eliminadas, como suco de laranja, frutas e café solúvel. Os exportadores brasileiros obterão ampliação do acesso, por meio de quotas, para carnes, açúcar e etanol, entre outros. As empresas brasileiras serão beneficiadas com a eliminação de tarifas na exportação de 100% dos produtos industriais. Serão, desta forma, equalizadas as condições de concorrência com outros parceiros que já possuem acordos de livre comércio com a UE.