Economia

Bolsonaro diz que Brasil vai priorizar soberania, segurança de dados e política externa no leilão do 5G

País se tornou um dos principais palcos da disputa entre chineses e americanos em torno da tecnologia
Uso da tecnologia chinesa para a próxima geração de telefonia celular é avaliado pelo governo Foto: Jason Lee / Reuters
Uso da tecnologia chinesa para a próxima geração de telefonia celular é avaliado pelo governo Foto: Jason Lee / Reuters

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que a escolha do país que fornecerá estrutura da rede 5G levará em conta a soberania, segurança de dados, interesses da política externa do país e não somente o preço oferecido. A declaração acontece em meio a expectativa em torno do leilão que o governo brasileiro deveria fazer até o fim deste ano para a escolha dos fornecedores.

- Houve uma orientação minha de como proceder nessa questão (leilão da rede 5G) e nós, pode ter certeza, [estamos] levando em conta vários aspectos. Às vezes, o mais barato não quer dizer que seja o melhor […] Vamos atender os requisitos da soberania, da segurança de dados e também a nossa política externa – afirmou.

O Brasil se tornou um dos principais palcos da disputa entre chineses e americanos em torno da rede 5G.

A principal fornecedora desse tipo de tecnologia é a empresa chinesa Huawei. Os americanos, por outro lado, têm tentado interferir em diversos países para evitar a escolha da empresa chinesa como principal fornecedor da tecnologia.

Os Estados Unidos acusam a Huawei de sofrer interferência do governo chinês e afirmam que a tecnologia da empresa permite o roubo de informações. A empresa, no entanto, nega as acusações.

O Reino Unido, por exemplo, foi um dos países onde os Estados Unidos tentaram impedir a entrada da Huawei como fornecedora de componentes para a rede 5G. Em janeiro, porém, o governo britânico contrariou os americanos e liberou a empresa para fornecer componentes da rede. A liberação, no entanto, se limitou apenas a componentes considerados não-essenciais.

Também nesta quinta, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação,  Marcos Pontes, fez um balanço um balanço da sua gestão à frente da área de Comunicação do governo, que foi desmembrada da pasta.

Ele falou sobre como a instalação de mais antenas no satélite geoestacionário da Telebrás e a preparação para o leilão do 5G. Questionado sobre como seria o andamento da licitação com a nova estrutura, o ministro disse que o fator de maior incerteza é a pandemia, e não o desmembramento das pastas.

— A pandemia acaba tendo alguma influência nisso (calendário do leilão do 5G). Essa mudança, logicamente o ministro vai chegar, vai tomar pé da situação. Nossas equipes têm trabalhado bastante com a Anatel. Existe um grupo interministerial. Acho que continua. Vai acelerar — afirmou.

O ministro disse que não há uma data para a mudança ser concretizada. Pontes afirmou que não vinha trabalhando no processo antes do anúncio de Bolsonaro, mas buscará fazer o processo "sem pressa".

— Não existe, do meu ponto de vista, uma pressa grande para que isso aconteça. A gente tem um relacionamento muito bom, então é fazer de forma gradual, de forma tranquila, e que faça de forma completa, eficiente. Não vejo uma data para terminar, não foi estabelecida nenhuma data para isso — pontuou o ministro.

Sem a área de Comunicações, Pontes afirmou que vai se dedicar a ampliar os investimentos em Ciência e Tecnologia, mas admitiu que haverá restrições fiscais para isso. Diferentemente do ano passado, o ministro negou ver problemas no horizonte para o pagamento de bolsas do CNPq.

— Essa área de ciência, tecnologia e inovações é uma área gigantesca. O Brasil tem uma qualidade e quantidade de produção científica muito boa, mas quando chega em inovações tem um gap muito grande. Tudo isso, esse setor inteiro, é extremamente importante. Tem muito trabalho a ser feito. Trabalho não vai faltar, com relação a Orçamento, talvez falte — destacou.