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Cultura Música Bossa Nova 60 anos

Bossa nova: gênero que revolucionou a música brasileira faz 60 anos

Especial mostra o que aconteceu a partir da gravação de 'Chega de saudade' por João Gilberto, em 1958, estopim do movimento
João Gilberto em Ipanema, na década de 1950. Foto: Francisco Pereira / Divulgação
João Gilberto em Ipanema, na década de 1950. Foto: Francisco Pereira / Divulgação

RIO — Em 21 de agosto de 1958, O GLOBO registrava pela primeira vez em suas páginas o surgimento do marco inicial da bossa nova. Lançado naquele mês, o 78 rotações de “Chega de saudade”, de João Gilberto, foi o estopim da revolução provocada pelo gênero. Agora, 60 anos depois, o jornal volta novamente para o que aconteceu a partir do momento em que aquele disco começou a rodar nas vitrolas — deixando para sempre uma marca no peito dos desafinados do Brasil (e, em seguida, do mundo), e influenciando gerações.

VERISSIMO: O berço da bossa

Este especial  é em boa parte dedicado ao aniversário de seis décadas da bossa nova, e lança luz sobre as transformações provocadas por aquela batida — em ritmo , letra e harmonia .

Cada um desses aspectos, e seus responsáveis centrais (João Gilberto, Vinicius de Moraes e Tom Jobim, respectivamente), é abordado em textos da equipe do Segundo Caderno e artigos de convidados: o violonista e produtor Luís Filipe de Lima ; o professor Walter Garcia ; e o professor e pesquisador Miguel Jost .

Joaquim Ferreira dos Santos traça uma geografia da bossa nova, um mapa do gênero no Rio. João Máximo lembra como as vozes femininas dialogaram com a novidade. Rodrigo Pinto escreve sobre a influência do gênero fora do Brasil , desde a década de 1960 até os dias de hoje.

Uma linha do tempo com os marcos da história da bossa nova e uma discografia de 12 álbuns fundamentais do gênero completam o material especial, assim como o vídeo no qual Mario Adnet, ao violão, explica a batida de João e avalia os caminhos que levaram até ela.

O especial documenta ainda a importância formadora do gênero que, se não define mais os anseios do Brasil de hoje (quando o sertanejo e suas variações são a grande música popular, ao lado do funk), ainda segue sendo pertinente para que se entenda o país. Mais do que isso, continua sendo ouvido, como mostra o levantamento feito pela Playax, empresa de inteligência estratégica para desenvolvimento de audiência, a pedido do GLOBO.

Segundo a pesquisa, a bossa alcança, nas rádios do Brasil, uma média mensal aproximada de 350 mil pessoas — uma fração dos 35 milhões de ouvintes do sertanejo, mas ainda assim significativa.

— A bossa nova é um gênero consolidado, que há anos mantém uma linha reta de consumo, não sofre grandes impactos — avalia Paulo Rocha, diretor de marketing da Playax. — É um gênero ícone, mais consumido por um público mais velho. Mas seu comportamento estável de consumo ao longo dos anos mostra que o público se renova, ou seja, ela não vai desaparecer com a morte de fãs mais velhos.

Audiência da bossa nova nos estados
Número de execuções por estado nas rádios em 2018
61.116
SP
MG
PR
RS
BA
SC
RJ
PE
CE
DF
47.586
18.731
18.378
17.853
16.757
14.877
12.308
12.023
9.185
Fonte: Playax
Audiência da bossa
nova nos estados
Número de execuções por
estado nas rádios em 2018
61.116
SP
MG
PR
RS
BA
SC
RJ
PE
CE
DF
47.586
18.731
18.378
17.853
16.757
14.877
12.308
12.023
9.185
Fonte: Playax

O levantamento — mais detalhado abaixo — ainda mostra quais são os artistas da bossa nova que mais tocam nas rádios brasileiras hoje. Além disso, aponta os estados em que a bossa nova é mais ouvida. Uma curiosidade: em termos proporcionais, o Acre lideraria o ranking (pela população menor associada ao fato de uma única rádio que domina a audiência local e que toca também músicas do gênero).

Os mais ouvidos
Audiência aproximada nas rádios em 2018
Tom Jobim
35.763.700
João Gilberto
14.810.300
João Donato
12.826.600
Nara Leão
12.780.200
Vinicius de Moraes
11.073.300
Roberto Menescal
4.286.100
Carlos Lyra
1.304.600
Fonte: Playax
Os mais ouvidos
Audiência aproximada nas rádios em 2018
Tom Jobim
35.763.700
João Gilberto
14.810.300
João Donato
12.826.600
Nara Leão
12.780.200
Vinicius de
Moraes
11.073.300
Roberto
Menescal
4.286.100
Carlos Lyra
1.304.600
Fonte: Playax

Portanto, este especial é só e é isso tudo, com objetivo de sintetizar em pouco espaço algo enorme. Como o “bim bom” de João Gilberto: nosso coração pediu assim.