Política

Governo de Brasília desmonta acampamento de apoiadores de Bolsonaro

Mobilização '300 do Brasil' acontecia desde maio. A militante Sara Winter, uma das líderes do movimento, cobrou reação do presidente
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e membros do grupo "300 do Brasil", liderado por Sara Winter, sobem a rampa do prédio do Congresso Nacional e ficam na parte externa, próximo às cúpulas, em Brasília, neste sábado (13). A manifestação aconteceu após o grupo ter o acampamento desmontado em uma operação do governo do Distrito Federal Foto: DIDA SAMPAIO/Estadão Conteúdo / Agência O Globo
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e membros do grupo "300 do Brasil", liderado por Sara Winter, sobem a rampa do prédio do Congresso Nacional e ficam na parte externa, próximo às cúpulas, em Brasília, neste sábado (13). A manifestação aconteceu após o grupo ter o acampamento desmontado em uma operação do governo do Distrito Federal Foto: DIDA SAMPAIO/Estadão Conteúdo / Agência O Globo

BRASÍLIA — O governo do Distrito Federal desmontou, neste sábado, o acampamento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, autointitulado como "300 do Brasil".
A operação foi coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, a Polícia Militar e o DF Legal, órgão de fiscalização na capital.

Em nota, o governo do DF informou que "os manifestantes ocupavam área pública, na Esplanada dos Ministérios, o que não é permitido" e que o grupo descumpriu decreto do governo local que proíbe aglomerações com mais de 100 pessoas em eventos que demandem a autorização prévia das autoridades, em razão da pandemia do novo coronavírus.

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À tarde, um grupo de cerca de 20 pessoas que estava no local rompeu a área cercada no entorno do Congresso Nacional e invadiu a laje do prédio. Após ação da Polícia Legislativa, eles foram para o gramado em frente ao espelho d'água.

A assessoria de imprensa da presidência do Senado informou que o grupo tentou invadir áreas restritas do Congresso Nacional. "Assim que tomou conhecimento do ato, o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre determinou a policia legislativa que fizesse a retirada do grupo", informou a nota.

A operação de retirada dos manifestantes ocorre mais de um mês após a instalação do acampamento. A mobilização dos apoiadores, organizada por meio das redes sociais, foi iniciada em maio. Segundo o governo, desde então, houve tentativa de negociar a saída do grupo.

"Houve diversas tentativas de negociação para a desocupação da área, mas não houve acordo. Os acampamentos foram desmontados sem confronto", diz a nota.

O Ministério Público do Distrito Federal chegou a pedir ao Tribunal de Justiça DF a desmobilização do acampamento, comparando o movimento a uma "milícia armada". A solicitação foi negada pela Justiça. A militante Sara Winter, uma das líderes do movimento, já afirmou em entrevistas a existência de armas dentro do acampamento para "proteção dos membros".



Após a operação de desmonte, Sara usou as redes sociais para criticar a ação do governo e cobrou de Bolsonaro uma posição. Ela afirmou que a Polícia Militar "desmantelou" o acampamento com "gás de pimenta e agressões".

“A militância bolsonarista foi destruída hoje. Presidente, reaja”, escreveu Sara Winter.

A militante está entre os investigados no inquérito do Supremo Tribunal Federal que apura fake news e ataque a Corte. Ela foi alvo da operação da Polícia Federal no último dia 27 determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes como desdobramento do inquérito. Após a operação, Sara ameaçou o ministro Moraes.

"Pois você me aguarde, Alexandre de Moraes, o senhor nunca mais vai ter paz na vida. Hoje, o senhor tomou a pior decisão da vida do senhor", disse Winter no vídeo.

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A ativista também afirmou que iria "infernizar a vida" do ministro, bem como "descobrir os lugares" frequentados por ele, e "quais são as empregadas domésticas que trabalham" para Moares, completando que "a gente vai descobrir tudo da sua vida, até o senhor pedir pra sair".

Segundo Sara, sua vontade era "trocar soco" com o ministro, a quem se referiu como "filha da puta desse arrombado". Ela ainda disse que "infelizmente" não poderia fazer isso, porque o ministro não mora no mesmo estado que ela.