Política

Polícia Federal investiga morte de líder guajajara no interior do Maranhão

Paulo Paulino Guajajara foi morto em emboscada, diz secretaria do estado
O indígena e 'guardião da floresta', Paulo Paulino Guajajara, morto nesta sexta-feira em uma emboscada Foto: Reprodução Mídia Índia
O indígena e 'guardião da floresta', Paulo Paulino Guajajara, morto nesta sexta-feira em uma emboscada Foto: Reprodução Mídia Índia

BRASÍLIA — A Polícia Federal (PF) informou neste sábado que irá investigar a morte do líder indígena Paulo Paulino Guajajara. Ele foi morto na Terra Indígena Araribóia, na região de Bom Jesus das Selvas, no Maranhão, nesta sexta-feira, segundo a PF.

“Uma equipe de policiais da Superintendência Regional da PF no estado está se deslocando para a localidade com o objetivo de apurar todas as circunstâncias do fato”, informou a polícia.

Numa rede social, o ministro da Justiça, Sergio Moro, chamou a morte de “crime grave à Justiça”.

“A Polícia Federal irá apurar o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara na terra indígena de Araribóia, no Maranhão. Não pouparemos esforços para levar os responsáveis por este crime grave à Justiça”, disse o ministro.

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Paulo Paulino era integrante de um grupo de agentes florestais indígenas autodenominados "guardiões da floresta", do povo Tenetehara. A Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão informou que ele foi morto numa emboscada. Um "dos fazendeiros envolvidos no ataque", também morreu, segundo a secretaria.

O líder indígena Laércio Souza Silva ficou ferido. Ele já recebeu alta hospitalar e e está sob acompanhamento do Programa de Proteção de Defensores dos Direitos Humanos, ainda de acordo com o governo do Maranhão.

“Os guardiões Paulino e Laércio haviam se afastado da aldeia para buscar água, quando foram cercados por pelo menos cinco homens armados, que de início já dispararam dois tiros contra os indígenas”, diz a nota.

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A líder Sônia Guajajara , ex-candidata à vice-presidência da República pelo PSOL, comunicou a morte de Paulino no final da noite de sexta-feira e pediu um basta ao "genocídio institucionalizado".

“Território Araribóia perde mais um Guardião da floresta por defender o nosso território. Paulinho Paulino Guajajajra foi morto hoje numa emboscada por madeireiro. É hora de dar um basta nesse genocídio institucionalizado ! Parem de autorizar o derramamento de sangue de nosso povo!”, afirmou, numa rede social.

Em nota, o pesquisador da Human Rights Watch (HRW) César Muñoz pediu uma investigação "completa e independente" sobre o ataque. Muñoz lembrou também que a terra indígena de Araribóia abriga "um dos últimos redutos de floresta amazônica" no Maranhão, e que os indígenas do povo Tenetehara têm sofrido "dezenas de ameaças de morte" nos últimos anos.

"O Brasil precisa adotar medidas urgentes contra os madeireiros que intimidam, ameaçam, atacam e até matam aqueles que, como Paulo Paulino e Laércio tentam proteger a floresta, que é património de todos os brasileiros", disse Muñoz.