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A OMS declarou o coronavírus uma pandemia. O que isso significa?

A última vez que a organização declarou uma pandemia foi há uma década, durante o surto de H1N1 em 2009, que infectou quase 25% da população mundial

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 mar 2020, 20h20 - Publicado em 11 mar 2020, 14h43

Nesta quarta-feira, 11, a Organização Mundial da Saúde (OMS) finalmente classificou a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, como uma pandemia. A última vez que a organização declarou uma pandemia foi há uma década, durante o surto de H1N1 em 2009, que infectou quase um quarto da população mundial. Na época, a decisão foi criticada por criar pânico desnecessário, o que explica, em partes, o receio da OMS em admitir a pandemia de coronavírus.

Para fator de comparação, Sars e Mers, doenças que vieram depois do H1N1 e também se espalharam por vários países não foram consideradas pandemia. Mas o que isso significa, na prática?

A designação em si é apenas simbólica, pois não altera as ações de saúde da OMS, que já estavam em seu nível mais alto após a declaração do surto de Covid-19 como uma emergência global de saúde pública, em janeiro. “Descrever a situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS sobre a ameaça representada por este coronavírus. Não altera o que a OMS está fazendo e nem o que os países devem fazer”., disse o diretor global da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva realizada em Genebra nesta quarta-feira.

“A alteração da classificação não muda em nada o risco da doença nem as medidas de combate recomendadas pela OMS. A organização apenas admitiu o que já estamos vendo há pelo menos uma semana, que é a transmissão sustentada do vírus na maior parte dos continentes.”, explica à VEJA a infectologisa Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio Libanês.

O que é uma pandemia?

O termo pandemia é usado quando uma doença se espalha pelo mundo todo e afeta uma grande quantidade de pessoas. A determinação é feita com base na expansão geográfica da doença, na gravidade dos sintomas que ela causa e em seus efeitos na sociedade. Está mais do que claro que a disseminação do coronavírus para mais de 100 países, em cinco continentes, com um número total de infectados superior a 120.000 e 4.300 mortos, se encaixa perfeitamente nessa designação.

Muitos especialistas e inclusive o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já solicitavam que a organização alterasse o status da doença de emergência de saúde pública global para pandemia. Mas a entidade temia que a alteração da classificação pudesse causar pânico ao passar a impressão de que o problema não pode ser controlado e que os países parassem de tentar impedir a propagação do vírus.

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Nesta quarta-feira, a OMS disse estar profundamente preocupada com os “níveis alarmantes de inação” de alguns governos em relação ao coronavírus e enfatizou que a nova classificação é um apelo para que os países aumentem seus esforços no combate à doença e não usem isso uma desculpa para desistirem da luta.

Tanto que a organização ainda recomenda o investimento em ações de contenção, que buscam evitar a propagação do vírus. Em um segundo momento, ou em países com muitos casos da doença, a indicação é adotar medidas de mitigação, que é basicamente minimizar os danos causados pela epidemia.

“Nos próximos dias e semanas, espera-se que  o número de casos de Covid-19, o número de mortes e o número de países afetados aumente ainda mais”, disse Tedros. Por outro lado, o diretor-geral da OMS reforçou que se os países detectarem os casos da doença por meio de testes; rastrearem, tratarem e isolarem os pacientes infectados e mobilizarem a população, os países que apresentam poucos casos ou surtos controlados da doença poderão impedir que ela se torne uma epidemia.

Diante disso, o maior impacto da declaração de pandemia de coronavírus, além de uma sensação de pânico generalizado na população mundial, deverá ser sobre questões políticas e econômicas. Segundo especialistas, a declaração pode fragilizar ainda mais a economia mundial e levar a restrições mais rígidas de viagens e comércio.

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Vale ressaltar que a população desempenha um papel fundamental na contenção da doença. Como ainda não há vacina nem  tratamento para o novo coronavírus, a melhor – e única – forma de prevenção  é evitar aglomerações, manter a higiene das mãos e praticar a etiqueta da tosse.

O que muda por aqui?

No Brasil, a declaração de pandemia não implica mudanças no combate à doença. O país já implementou medidas de contenção, como rastrear e monitorar casos suspeitos e diagnosticar e isolar os infectados. Além de solicitar que a população faça sua parte ao adotar medidas de higiene como lavar bem as mãos constantemente, usar álcool gel, evitar contato muito próximo com outras pessoas e manter a etiqueta da tosse.

Além disso, apesar de ainda não termos transmissão sustentada de casos no país – a maioria dos casos é importado -, o Brasil já se adiantou e iniciou medidas de mitigação que deverão ser implementadas se houver mudança no cenário.

A única novidade anunciada por Luiz Henrique Mandetta é a expansão de casos suspeitos para qualquer pessoa que chegar ao país com sintomas típicos da doença, como febre, tosse e coriza. “Por que? Porque veio de fora, de locais que têm transmissão sustentada”, disse o ministro nesta quarta-feira.  Mandetta ainda ressaltou que o Brasil já estava monitorando pessoas que chagavam da América, Europa, Ásia e Oceania. A única modificação é a inclusão da América do Sul e África como local de origem para definição de caso suspeito.

“Começamos a ter casos confirmados no Brasil e se a epidemia se comportar aqui da mesma forma que na Itália, China e outros países, espera-se um grande aumento no número de casos da doença nas próximas duas ou três semanas.”, explica a Mirian. Como medida adicional de prevenção – além de lavar as mãos e manter a etiqueta da tosse -, ela recomenda evitar aglomerações, como shows, jogos de futebol, manifestações, baladas e qualquer situação com uma grande concentração de pessoas próximas uma das outras.

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