Por Beatriz Borges e Gabriela Gonçalves, G1 SP — São Paulo


11 de julho - Movimentação intensa de passageiros na plataforma da CPTM da Estação da Luz, no Centro de São Paulo, na tarde deste sábado (11) — Foto: Bruno Escolastico/Photopress/Estadão Conteúdo

A quinta fase do inquérito sorológico, realizado pela Prefeitura de São Paulo, apontou que a prevalência da infecção pelo vírus Sars- Cov-2 entre pessoas residentes da cidade de São Paulo que não utilizam o transporte coletivo é de 11,3%, já entre aqueles que utilizam esse tipo de transporte o percentual é de 10,3%. O estudo coletou 2.449 amostras em adultos acima de 18 anos.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, fatores como, por exemplo, a residência e a transmissão entre familiares são mais decisivos para contaminação.

"Um dado importante que a gente consolida, a questão do uso de transporte coletivo pelas pessoas nos mostrou um dado um pouco maior na fase 1 a 3. Mas na fase 4, nos aponta que o fator principal do processo de contaminação é muito mais o da residência, o da transmissão na família, do que eventualmente de quem utilizou o transporte coletivo. É um dado novo que foi possível fazer a tabulação e comparar com as outras 3 fases", disse o secretário municipal de Saúde Edson Aparecido.

Nas fases anteriores, a diferença entre aqueles que utilizavam o transporte coletivo, ou não, eram maiores. A fase que apresentou valores mais distantes foi a etapa 1 em que a prevalência de anticorpos era de 9,2% entre aqueles que não utilizavam o transporte coletivo e de 14%, entre os que utilizavam.

No entanto, uma pesquisa divulgada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no início do ano apontou que os usuários do transporte público estão entre as maiores vítimas do coronavírus na cidade de São Paulo. Para realizar o estudo os pesquisadores cruzaram os dados de mortes nos 96 distritos da capital com o perfil dos usuários do transporte público, compilados na última Pesquisa de Origem e Destino realizada pelo Metrô, que inclui profissão, meios de transporte utilizados e o tempo de viagem.

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Estabilidade

A prevalência de anticorpos para a Sars-Cov na cidade de São Paulo na fase 4 foi de 11%, estima-se que 1,3 milhão de pessoas tenham os anticorpos. A fase 3 do inquérito sorológico divulgada pela Prefeitura de São Paulo no início de agosto , apontava um índice de prevalência da doença de 10,9%,. Já na fase 2 o percentual era de 11,1%, na fase 1 foi de 9,8% e na fase 0 de 9,5%.

A pesquisa começou no dia 10 de junho e tenta descobrir, por amostragem, quantas pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus na cidade. O exame sorológico avalia a presença de anticorpos específicos (IgM/igG). Portanto, identifica casos passados da doença. Ele é usado para monitorar a porcentagem da população que já teve contato com o vírus. Ao todo, serão nove etapas do inquérito sorológico, que começou na fase 0 e vai até a fase 8. O índice de confiança da pesquisa é de 96%.

A proporção de assintomáticos entre os que apresentaram os anticorpos foi de 40,6% nessa fase do estudo. A presença de anticorpos no organismo não significa que a pessoa está imune à doença. Pesquisadores ainda estudam qual é a taxa de anticorpos necessária para que o indivíduo se torne imune e também quanto tempo esta imunidade pode durar.

Mais afetados

Ainda, de acordo com a pesquisa, há prevalência da presença de anticorpos para o vírus entre pessoas das classes D e E (18,2%), em relação as das classes A e B (4,4%). Além disso, também foi percebida uma diferença de acordo com o grau de escolaridade, sendo 15,6% no ensino fundamental, 11,9% no ensino médio e 5,9% no Ensino Superior.

A prevalência de anticorpos Sars- Cov-2 detectada entre negros e pardos (15,1%) foi duas vezes maior do que em brancos (7,5%). Já com relação a moradia, aqueles que moram com mais de cinco pessoas em uma residência tiveram um índice de prevalência quase duas vezes maior do que os que vivem em casas com até duas pessoas (8,9%).

"O coronavírus afeta mais os menos favorecidos, os menos esclarecidos, os menos abastados. A população preta e parda tem uma incidência 2 vezes maior do que a população branca. Aqueles com ensino fundamental tem uma prevalência três vezes maior do que aqueles que tem ensino superior. A população da classe D e E tem índice de prevalência tem 4 vezes maior do que a população da classe A e B", disse o prefeito Bruno Covas.

As periferias continuam sendo as regiões com a maior prevalência. A Zona Sul continua sendo a região com a maior concentração de infetados (14,1%), seguida da Zona Leste com 12,3%.

O inquérito sorológico é feito por amostragem com o sorteio de domicílios na área de abrangência das 472 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em todas as regiões da capital paulista.

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