Por Pedro Bohnenberger‏, CBN — Belo Horizonte


Aulas 'dificilmente vão voltar' em Belo Horizonte antes de uma vacina contra a Covid

Aulas 'dificilmente vão voltar' em Belo Horizonte antes de uma vacina contra a Covid

As aulas em escolas de Belo Horizonte dificilmente vão poder voltar presencialmente antes de uma vacina contra a Covid-19. A declaração foi dada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), em entrevista exclusiva à CBN no final da manhã desta terça-feira (11).

As expectativas mais otimistas dos pesquisadores para produção do imunizante preveem algum resultado para o início de 2021. As aulas na capital estão suspensas desde o dia 18 de março. Antes disso, ocorreram paralisações de professores das redes municipal e estadual, deixando alunos praticamente sem aulas neste ano.

Kalil afirmou que considera o ensino remoto uma agressão às pessoas mais pobres e que a rede pública e privada de ensino só vão voltar juntas na capital mineira, para não reforçar as desigualdades sociais.

Prefeito Alexandre Kalil diz que aulas presenciais só devem voltar em BH após vacina. — Foto: TV Globo / Reprodução

"Aula remota é uma agressão à pobreza. Aula remota é uma humilhação a quem é mais pobre. Aula em Belo Horizonte só retornará juntas e creio que, quem tem filho em casa, a última coisa que quer é mandar o filho para o meio de uma guerra. O pobre é um cara que não teve oportunidade e na hora que você abrir a escola particular, você vai abrir um abismo gigantesco entre a pobreza e a riqueza e esse abismo na minha cidade eu não vou abrir. E acho muito difícil aula sem vacina em Belo Horizonte", disse o prefeito.

Na última semana, a prefeitura de Belo Horizonte iniciou o processo de flexibilização do funcionamento do comércio. Na primeira fase, funcionam serviços como salões de beleza, shoppings, galerias, setor do varejo e serviços no modelo drive-in. Mas o Ministério Público de Minas Gerais está em diálogo com o executivo municipal porque a permissão de abertura das lojas descumpre uma decisão judicial que determina que prefeituras façam a adesão ao Plano Minas Consciente ou fechem todos os serviços não essenciais.

Sobre o conflito, Kalil disse que não acha justo ter que aderir ao plano porque não recebeu ajuda do governo estadual até o momento, mas que, se a Justiça determinar, vai cumprir a decisão.

"O estado entrou com R$ 86 mil em uma pandemia que a prefeitura gasta entre R$ 50, 60 a 70 milhões por mês. Então, agora que nós estamos controladamente abrindo e dando um pouco de sobrevida esse povo tão sofrido que fechou desde o começo, então nós vamos responder respeitosamente ao Ministério Público sim, mas se a Justiça determinar, o prefeito vai simplesmente cumprir", disse Kalil.

O prefeito de Belo Horizonte ainda se defendeu de críticas feitas por entidades do comércio da capital. Associações do setor vêm afirmando que a prefeitura deveria ter aberto mais leitos UTI e considerado as vagas da rede privada também para possibilitar o funcionamento das empresas.

Segundo o prefeito da capital, os números da rede particular só foram disponibilizados recentemente, já que os estabelecimentos não são obrigados a fornecer. Sobre a abertura de leitos, o prefeito afirmou que, além da estrutura hospitalar, também é fundamental a disponibilidade de profissionais qualificados para trabalhar nos hospitais e que BH aumentou de 82 para 600 leitos UTI durante a pandemia.

Trabalho remoto e matrícula diferenciada

Mais cedo, a reportagem do G1 perguntou à Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Belo Horizonte se existe previsão de volta às aulas presenciais e algum plano para repôr o calendário letivo de 2020.

A pasta respondeu que "ainda não tem previsão de retorno às aulas".

Segundo a secretaria, desde 16 de junho, os professores da rede municipal estão trabalhando de forma remota:

"Cada professor, por meio de redes sociais da escola, plataformas, e-mails, materiais distribuídos em casa ou recolhidos na escola ou em ponto comercial próximo, geram e distribuem conteúdos sobre a Covid-19 e preparam os alunos e seus familiares para o novo contexto escolar. O programa implementado não está focado em cumprimento de calendário, mas na reconstrução de metodologias e práticas pedagógicas no contexto da pandemia e suas consequências para a sociedade e a sua relação com o conhecimento e a escola, na formação e manutenção de vínculos e acolhimento das famílias, assim como estão sendo repassadas as respostas para os questionamento e dúvidas, por meio dos diretores, professores e técnicos, que estão em constante contato e em reuniões virtuais com a equipe pedagógica da Secretaria. Os retornos das famílias a estes contatos têm ajudado a construir um mapa de cada escola e turma e planejar melhor como seria um retorno focado em cada aluno".

A secretaria também disse que sua equipe pedagógica está construindo uma proposta de cadastro/matrícula diferenciados para os anos escolares 2020/2021, para criar as regras de transição dos alunos do 9º ano e dos que estão terminando o período em escolas que atendem apenas os anos iniciais.

"A proposta é assegurar a continuidade de estudos dos egressos da educação infantil e dos outros níveis através de um processo de matrícula simplificado. O Governo Federal já orientou que os conteúdos de um ano sejam contemplados no ano seguinte. Isso será necessário para todas as redes, inclusive aquelas que não atingiram 100% dos alunos com o EAD", disse a secretaria.

Rede estadual

O G1 também questionou a Secretaria de Estado de Educação para ver qual a previsão de retorno presencial na rede estadual de ensino.

A resposta da pasta foi que "o governo de Minas Gerais está avaliando os meios mais seguros para retomada das atividades presenciais nas instituições de ensino, considerando critérios técnicos e científicos. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) está elaborando um protocolo para o retorno às aulas presenciais, em consonância com as orientações da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG). O material será finalizado após amplas discussões e estudos realizados pela Secretaria com entidades educativas e será apresentado em breve".

A secretaria também disse que a reorganização do calendário letivo na rede estadual "também está sendo estudada, seguindo as orientações dos Conselhos Nacional e Estadual de Educação, bem como as diretrizes das legislações vigentes".

"Os Planos de Estudos Tutorados (PETs), principal ferramenta pedagógica do Regime de Estudo não presencial da rede pública estadual de ensino, são disponibilizados em volumes mensais, com conteúdos e atividades propostas de acordo com a carga horária semanal prevista de cada disciplina, podendo, assim, ser considerados para cumprimento da carga horária mínima anual prevista para o aluno", concluiu a secretaria estadual.

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