Por Paula Resende, G1 GO


Estudante assiste aula pelado na UFG — Foto: Reprodução

Após ser flagrado assistindo à aula pelado na Universidade Federal de Goiás (UFG), o estudante de artes visuais Auro Sérgio, de 37 anos, esclarece que o ato tinha o objetivo de discutir sobre arte contemporânea e seu ensino. A foto do aluno nu, usando apenas um chapéu estilo sombreiro e sandálias, viralizou na internet. Ele não imaginava tamanha repercussão.

"A função do artista é provocar. Nunca imaginei que teria essa dimensão porque era uma aula de arte contemporânea, própria para a discussão. Fiquei chateado e preocupado com a repercussão", disse ao G1 o aluno do sexto período de artes visuais.

O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (13) na Faculdade de Artes Visuais (FAV). Auro começou a assistir a aula de arte contemporânea vestido com saia e blusa. Ele saiu da sala e, quando retornou, estava sem roupa. Havia cerca de 20 alunos no local, mas nenhum foi embora.

O professor Juliano Ribeiro Moraes, que ministrava a aula, já havia dito ao G1 que tudo começou durante uma discussão sobre o artista pop Peter Thomas, que ficou conhecido por ser o autor da capa do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.

"Ele questionou se aquilo era arte contemporânea e eu disse que sim. Ele então perguntou se tudo poderia ser arte. Respondi que dependia do artista. Então ele saiu e voltou pelado e questionou se aquilo era arte. Todo mundo riu na hora, levamos no bom humor. Eu até perguntei se ele tinha sido assaltado e se levaram a roupa dele", disse Juliano.

Motivo

O estudante conta que a proposta da performance era mostrar seu descontentamento em relação aos ensinamentos sobre arte contemporânea. Por ser uma questão restrita, optou por protestar na própria sala de aula.

"Eu aprendo muito com o professor. Ele é excelente, mas o processo avaliativo de seminário e a forma de explicar o conteúdo por meio de artistas e obras icônicas, sem os artistas do século XXI, me causam descontentamento. Quero aprender e discutir, não só formar. Não era uma brincadeira", explica.

Caso acontecue em sala da Faculdade de Artes Visuais — Foto: Paula Resende/ G1

O professor ressaltou que estudantes do curso lidam com mais naturalidade em relação à nudez. Uma aluna que estava na sala concorda com o mestre, mas afirma que não havia contexto para uma atitude como a do colega e classifica o ato como “desrespeito”.

“A gente está acostumado com modelos vivos. Somos muito abertos, mas não foi nada contextualizado. Não havia nexo com o momento. No meu ponto de vista, foi exibicionismo”, opina a colega.

O estudante rebate a alegação da colega e diz que a intervenção estava condizente com a discussão do momento. “Foi a hora certa, o momento certo que encontrei para fazer a discussão", defende.

Para o aluno, o professor e a maioria dos colegas compreenderam o propósito. “Ainda bem que o Juliano entendeu. A perfomance continuou, todos foram maturos. Foi pacífico”, opina.

Apesar de ter ficado chateado com a repercussão, Auro diz que não quer tirar satisfação nem tentar identificar quem tirou a foto. Ele confessa que gostou da composição da imagem.

“A foto ficou bonita, discreta, natural, com um ângulo bom”, brinca Auro.

UFG

O professor diz que a direção da UFG o questionou sobre a situação. Ele afirmou que explicou o caso e que "eles entenderam".

Em nota enviada ao G1, a assessoria de imprensa da UFG disse que não vai se manifestar sobre o assunto.

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