Circula nas redes sociais a informação de que a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem contradizendo recomendações anteriores no contexto da pandemia de coronavírus e defendendo a retomada imediata da economia dos países. É #FAKE.
— Foto: G1
A mensagem compartilhada tem uma foto do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, e diz: “OMS defende retomada da economia: ‘As pessoas precisam trabalhar.’ Desmoralizada, a OMS desmente todas as suas recomendações anteriores e defende a necessária retomada da economia. Está mais do que provado que eles sempre estiveram perdidos nessa pandemia! Se dependêssemos deles, nunca mais voltaríamos a trabalhar”.
Procurada, a OMS diz que tal afirmação não procede. Numa coletiva de imprensa, no último dia 27, o diretor-executivo da agência responsável pelo Programa de Emergências em Saúde, Michael Ryan – e não Adhanom –, ao falar sobre a abertura de fronteiras por países, de fato disse que "as pessoas precisam trabalhar", mas a frase foi tirada de contexto e compartilhada de forma a induzir quem lê a interpretar que a OMS reviu um posicionamento anterior que pregava o fechamento dos países.
Ryan não defendeu uma abertura completa de todos os países neste momento, e nem que seja desconsiderado o panorama da crise do coronavírus de cada um. O que aconteceu foi que o diretor respondia a uma repórter que perguntou sobre a possibilidade de reabertura de fronteiras de países que estão com restrições de circulação por conta da pandemia, e somente a frase “as pessoas precisam trabalhar” foi pinçada.
O trecho completo é: “Será quase impossível para os países manter suas fronteiras fechadas no futuro próximo. As economias precisam se abrir, as pessoas precisam trabalhar, o comércio precisa ser retomado”. Ou seja, não se trata de algo imediato. Tampouco houve uma mudança de entendimento. Tanto que, em outro momento, Ryan ressalvou: “É difícil ter uma solução única para todos os países. Se é uma nação insular, pequena, absolutamente sem Covid-19, um caso pode representar um desastre. Se é um país com uma incidência muito grande de doenças, o fechamento das fronteiras pode ou não fazer diferença na incidência geral da doença.”
Ele disse que a OMS colabora com autoridades na busca por medidas seguras de abertura, e ponderou ainda que não é fácil se chegar a uma decisão livre de riscos: “Esse é o enigma que enfrentamos em termos de viagens nacionais e viagens internacionais no momento”.
Ryan destacou, no entanto, que não se trata de liberar o vaivém de pessoas e não tomar outras medidas para conter a pandemia da Covid-19: “A OMS sempre aconselhou que as medidas relativas a viagens devem ser usadas em conjunto com outras medidas, porque elas, por si só, não são eficazes para lidar com o fluxo da doença; da mesma maneira que apenas lavar as mãos ou usar máscaras, isoladamente, não é eficaz".
Na Europa, onde a pandemia está relativamente controlada, foi formulada uma lista de países considerados seguros para a permissão de entrada de passageiros, atualizada conforme os números do coronavírus mudam. O Brasil não está na listagem.
É #FAKE que OMS desmentiu recomendações anteriores sobre retomada da economia em países afetados pela pandemia da Covid-19 — Foto: Reprodução
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