• Rennan A. Julio
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Membros do ecossistema se apresentam no Cubo  (Foto: Divulgação  )

Membros do ecossistema se apresentam no Cubo (Foto: Divulgação )

Cinco novos unicórnios. A chegada do Softbank e de outros fundos estrangeiros ao Brasil. Grandes empresas comprando startups. Startups comprando startups. Em 2019, o ecossistema de startups mudou de patamar. Mas há espaço para 2020 ser melhor.

Essa foi a conclusão geral do balanço feito nesta terça-feira (17/12), no Cubo Itaú, por Renata Zanuto, co-head do Cubo Itaú, Rafael Ribeiro, diretor-executivo da ABStartups, Itali Collini, diretora de operações Brasil da 500 Startups, Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor, Marcos Mueller, CEO da Darwin Startups, e Maria Rita Spina, da Anjos do Brasil.

Em 2018, o Brasil tinha cinco unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão). Em dezembro de 2019, o número chegou a dez. Neste ano Loggi, Gympass, QuintoAndar, Ebanx e Wildlife consolidaram seus negócios. Sem contar o caso do Nubank, que atingiu o status de “decacórnio”, startup avaliada em mais de US$ 10 bilhões. Do lado das grandes corporações, o Itaú comprou a Zup e o Grupo Pão de Açúcar, a Cheftime.

Os especialistas destacaram os passos da Rock Content e da Sympla, que expandiram seus negócios por meio de aquisições nacionais e internacionais. “2019 foi um ano de consolidação para o ecossistema”, diz Renata Zanuto. Numa evidência disso, unicórnios reinvestiram o dinheiro que receberam, em sua capitalização, na compra de outras startups. “Isso mostra amadurecimento e faz a roda girar”, diz Renata.

Camilla Junqueira, da Endeavor, entende o mesmo. “O que a gente espera das pessoas por trás dessas grandes startups é que elas devolvam para o ecossistema”, afirma. Sobre o momento, diz estar impressionada com a evolução “avassaladora” do mercado brasileiro. “Em 2012, era impensado imaginar que a gente ia chegar nesse nível de maturidade já em 2019.”

No campo do investimento-anjo, Maria Rita Spina também destaca 2019 como um ano importante. Para ela, novos investidores e o crescimento do ticket-médio dos aportes foram os principais destaques. “O Brasil está com um ecossistema vibrante.”

Longo caminho
Apesar de boas notícias, ainda é necessário ceticismo em alguns assuntos. Na visão de Itali Collini, por exemplo, faltou diversidade de gênero e etnia. “Os talentos estão distribuídos na sociedade e gente precisa saber procurar”, diz. “É preciso sair da bolha de maneira mais ativa, mudando a forma como a gente comunica, ou vamos continuar sem atingir essas comunidades.”

Rafael Ribeiro defende também a diversidade geográfica. “Acho tudo isso que aconteceu bonito e maravilhoso. Mas tirando os eixos São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis e Recife, vejo várias startups excelentes morrendo”, afirma. “Estamos crescendo, mas poderíamos crescer mais se a gente parasse de olhar só para esses eixos, só para cima da cadeia”. No seu entendimento, agora é hora de aproveitar esse “boom” para educar e fomentar a base. “Senão vai acabar.” 

2020
As expectativas para 2020 são positivas. Marcos Mueller afirma que o setor de hardware tem muito a crescer no ano que vem, assim como os investimentos em startups de estágio inicial. Itali espera o crescimento de setores tradicionais, como logística, educação e saúde, e também no setor de impacto social. Para Camilla, 2020 deve ser um ano para cuidar do capital humano. “Quanto mais o mercado aquece, menos talento disponível nós temos. Isso é um problema sério.”

Maria Rita espera novas soluções em saúde e educação. “Queria que os reguladores desses setores olhassem para startups como olharam para as fintechs. Temos uma oportunidade na mão”, diz. Rafael Ribeiro tem como principal objetivo ver o marco legal para startups ser aprovado pelo governo brasileiro. “A gente precisa de políticas públicas que ajudem.”

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