Cena de 'Succession' (Foto: HBO)
Algo cheirava muito mal na estreia da segunda temporada de “Succession”, neste domingo,11, na HBO. Não é força de expressão para falar do cinismo ou do grau de agressividade que atravessam as relações na família Roy. O episódio mostrou mais uma reunião do patriarca, Logan (Brian Cox), com seus filhos. Agora, eles estão numa casa na praia. A reforma custou milhões, mas nem as velas mais perfumadas são capazes de mascarar o odor podre que, eles descobrem horas depois, vem de um animal morto dentro da chaminé da lareira. No sentido figurado, o ar também está irrespirável.
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Voltando ao ponto de onde a trama parou, ano passado, Kendall (Jeremy Strong) fechou um acordo com uma empresa concorrente. Para dar esse passo, entregou segredos aos inimigos. Ele chegou a expor imagens do pai fragilizado, logo depois do AVC. Não à toa, “Succession” é comparada por muitos (inclusive por Brian Cox) ao “Rei Lear”, tragédia shakesperiana que retrata a traição em família. Porém, depois de fazer tudo isso, Kendall sofreu um acidente de carro. Uma pessoa morreu por culpa dele. Numa sensacional virada, Roy descobriu e voltou a ter o filho nas mãos. Essas marés de alteração de poder movem “Succession”.
O drama familiar pesado e os personagens multidimensionais e cheios de verdade seguem impressionantes. Mas a série também impacta ao encarar de frente e sem edulcoramento um tema espinhoso: os efeitos da revolução digital no negócio de mídia. A uma certa altura, o patriarca convoca os herdeiros. Ele pergunta se deve vender seu império ou ampliar seu alcance se aliando à concorrência. Ele dá o exemplo da ruína da Kodak, cujas ações, em 1997, valiam mais de US$ 100 e hoje custam US$3. O número choca.
É uma das melhores produções no ar, não perca.
