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'Shtisel': as aventuras de uma família ultraortodoxa

Patrícia Kogut

Cena de 'Shtisel' (Foto: Divulgação)Cena de 'Shtisel' (Foto: Divulgação)

 

Mea Shearim é um bairro de judeus ultraortodoxos em Jerusalém. Em português, seu nome significa “cem portas”. Encostado a ele, ao Sul, fica Geula, outra área que concentra homens que só usam preto, chapéu, costeletas e barba compridos, e mulheres de peruca. Nesse ambiente insular, onde o tempo parece ter freado, vivem os personagens de “Shtisel”, série israelense que chegou à Netflix. Ao acompanhar a trama, o espectador tem a sensação de estar entrando por essas cem portas que dão acesso a costumes diferentes e a regras sociais de outro século hoje restritas àquele ambiente.

Seguimos os dramas da família Shtisel. Eles fazem parte da ramificação ultraortodoxa Haredi, originária da Lituânia. Quando a trama começa, o pai, Shulem (Dov Glickman), professor numa escola rabínica, é viúvo recente. Dos cinco filhos, apenas o caçula, Akiva (Michael Aloni), solteiro, ainda vive com ele num pequeno apartamento. A busca pela noiva ideal para Akiva mobiliza a dupla, já que o matrimônio e os filhos são o objetivo central da vida adulta dos ortodoxos. Para alcançar esse tento, recorrem a um casamenteiro da comunidade. O projeto, entretanto, desmorona quando Akiva se apaixona por Elisheva (Ayelet Zurer), uma balzaquiana que, se não bastasse a “idade”, é duas vezes viúva.

O vaivém amoroso de Akiva e suas diferenças com o pai estão no centro da história. E, à medida em que ela avança, outros conflitos vão se somando ao enredo principal. Um deles é o drama de Giti (Neta Riskin). Irmã de Akiva, ela é abandonada pelo marido, com quem tem cinco filhos. Há ainda a mãe de Shulem, Malka (Hana Rieber), que vive num lar de idosos e com quem ele só dialoga em iídiche. Palavras desse dialeto dos judeus da Europa Oriental também se misturam ao hebraico, a língua dominante na série. Entre tantas máscaras sociais e a imensa rigidez de comportamento, os personagens de “Shtisel” vão, aos poucos, revelando suas imperfeições. Trata-se de um drama, mas com bom espaço para o humor.

Essa é uma daquelas produções de baixo custo que se apoia sobretudo num excelente roteiro. Não há muitas externas, nem precisa: os cenários, domésticos ou na sinagoga, na quitanda e na yeshiva (a escola religiosa), são os da vida privada. Não perca.

 

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