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'Trust': série conta, com brilho, absurdos fatos reais

Patrícia Kogut

John Paul Getty (Donald Sutherland) e John Paul Getty III (Harris Dickinson) em 'Trust' (Foto: Reprodução)John Paul Getty (Donald Sutherland) e John Paul Getty III (Harris Dickinson) em 'Trust' (Foto: Reprodução)

 

No ar na Fox Premium (e no Now), “Trust” retrata o ruidoso caso do sequestro de John Paul Getty III, em 1973. A história é lembrada ainda hoje por suas reviravoltas mirabolantes e pelo estilo extravagante dos envolvidos. O neto de um dos homens mais ricos do mundo tinha 16 anos e levava uma vida embalada por drogas e festas em Roma, onde morava com a mãe. Até ser raptado. Os bandidos pediram US$ 17 milhões e seu avô, magnata do petróleo, se recusou a arcar com o resgate. Pão duro notório, argumentou: “Tenho 14 netos. Se pagar, terei 14 crianças sequestradas”. O crime foi um daqueles acontecimentos reais, mas francamente vocacionados para a ficção.

O título da série dá uma pista das múltiplas dimensões de seu roteiro. “Trust”, o verbo, traduzido para o português, quer dizer “confiança”. Já o substantivo equivale a “fundo de investimento”. O enredo explora os dois significados ao tratar desse clã familiar poderoso e complexo. À medida em que a trama avança, somos apresentados a novos aspectos das relações disfuncionais dos personagens. Entre outros hábitos, Getty mantinha um harém, por exemplo. Donald Sutherland faz uma festa no papel do patriarca, mas não é a única estrela da produção. Hilary Swank também brilha como a mãe do rapaz, Gail, uma mulher frágil.

A trilha e os figurinos dos anos 1970 tornam “Trust” atraente e charmosa, assim como as sequências externas por Roma. O espectador menos distraído vai estranhar as ruas vazias em pleno verão. Como se sabe, nessa que é uma das cidades mais turísticas do mundo, tal coisa não existe. A licença, entretanto, não afeta a credibilidade do enredo. Qualquer eventual truque de produção é pequeno diante do absurdo dos fatos reais. Getty ficou firme na sua recusa em arcar com o resgate. O preço foi baixando até cair para US$ 3 milhões. O pai pagou — usando em parte dinheiro emprestado pelo avô. O rapaz foi solto cinco meses depois do crime. Antes disso, entretanto, a família recebeu um envelope com uma orelha decepada da vítima.

“Trust” faz um grande retrato de tudo isso com elenco ótimo e direção, de Danny Boyle, inspirada.

 

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